segunda-feira, julho 09, 2012

Por que a vida tem dessas coisas? (*ou desabafo de um disléxico... )

Porque mesmo quando estamos apáticos a tudo, a vida ainda assim instiga? Porque quando menos desejamos a paixão, mais ela nos atraí? Porque a vida muda numa fração, num raio, num sinal fechado para aquele que atravessa a rua, num sinal que a desconhecida nos faz e que nos congela a vícera, num beijo de despedida que nunca mais se tornará o abraço do reencontro? Porque a vida nos impõe o viver? Porque a vida nos impõe da dor, e porque quando nos acostumamos a ela, a vida nos leva ao prazer e novamente nos dá a rasteira que só ela, a vida, saber aplicar nos incautos... Não é ridículo o sabio sofrer por paixão? É como o guerreiro implorando pela vida ao inimigo? Por que dentro do meu ser, tem um ser que me trai, que me leva para caminhos inseguros, que me ataca, ataca os que amo e depois some... Porque tem outro especialista na mentira, me transformando o bom que nunca poderei ser? Porque, amigos!? Porque sofremos e rimos tantos...? Porque o choro solitário parece tão unico e ao mesmo inaudível a todos? Silencia agora! Quantos rirem, quantos choram? Porque a vida é esse mar de emoção, mesmo quando não o desejamos. Porque viver é tão bom e tão prazeroso ao mesmo tempo em que tudo é dor!!  Porque não somos como a rocha, porque choramos tanto, porque nos traímos, nos amamos... Porque nos sentimos tão únicos se não somos! Porque as pessoas vão embora, e porque nunca sabemos para onde elas vão? Porque tudo parece tão comum e ao mesmo tempo tão espantoso e assustador?! Que piada é essa, que quando achamos entender, nos revela outra faceta desconhecida?! Porque nascemos para ser tão ignorantes, tão tristes e ao mesmo tempo porque somos capazes de viver os maiores prazeres do mundo!! ?? Não sei... porque? Não sei... Infelizmente não sei. Só sei que os dias tristes se alternam aos bons, a ignorância a sabedoria, bem como há o dia e a noite... E nada mais é controlado! Nada... Porque a vida é assim?

Livro de Jó. Minhas perguntas para o Deus da Igreja... (*ou, megalomania maior que a minha eu não admito)


Eis que agora Tu me olha do alto, com seu terror no olhar, ó Ser Eterno? Me criaste pro mundo, para sofrer, chorar, morrer enquanto fica aí, acomodado na tua confortável nuvem se distraindo com o belo e o perfeito e quando tudo sai errado se exime da culpa, ó Hipocrita?

O que te fiz? Porque me abandonaste, quem foi o demonio que tirou sua companhia que aquecia meu coração e te transportou para nuvem, te deu barba e um cajado para me punir depois da morte? Me digas: te diverte castigar os homens que erram? Te diverte lançar o diabo ao esquecimento eterno? Te diverte o choro dos teus filhos ignorantes?! A mim... Não me diverto o sofrimento dos mortais!

O que foi? Está me achando desrespeitoso? Vai me julgar, Ó Canalha? Vais julgar o filho que levou uma vida debaixo do teu sol ardido, carregando essa bendita cruz que tu me impôs, sem ajuda Tua, ó Preguiçoso? 

O Padre me contou que quando me arrependo Você me perdoa. Mas me perdoar de que? O que Te fiz? Eu por acaso levei teus pais, como tu fez comigo? Eu por acaso lhe botei numa estrada solitária, exposto a fome, a doença, ao mal, na certeza que no fim de tudo ainda virá o castigo? Eu lhe amei, lhe respeite e você ainda me pede ser um temente? O que mais deseja de mim, Ó Ganancioso!? Lhe paguei com a vida, para que Tu pudesse desfrutar a eternidade!?

O Padre me Pede para olhar pro céu, mas e minha alma corrupta, quem olha por ela? E o inverno que carrego no peito, quem aquece? Eramos uma dupla até o padre me dizer que tu estava no céu, Ó Traidor!... Na infancia lembro de Tê-lo sempre ao lado, sofrendo comigo, errando comigo, envelhencendo, adoencendo e renascendo... Sempre comigo. Por que fostes pra nuvem e por que agora me cobra do alto de Tua onipotencia!? Não és o Onipresente? Então porque não está mais comigo, porque agora só faz é me castigar e me assustar e me cobrar! Não acha que basta de cobranças? Não acha que basta de desafios? Já lhe provei minha fidelidade e mesmo assim vai continuar me provando, Ó Guloso!? 

O padre falou que o Céu é dos humildes! Como pode ser se Tu, ai de cima, é o mais Arrogante? Não foi Tu também tentado pela ganancia, ó Luxurioso?

Não temo tua foice! Não lhe devo nada. A minha conta está paga porque no fim sou eu que vou morrer, a dor quem vai sentir é Teu filho, enquanto Tu estará lavando as mãos para aplicar Teus castigos. 

Estou só e não vou mais ouvir o padre. Lhe abandono no alto de sua nuvem, mas mantenho minha alma aberta que que tu a mim retorne, se assim for de Tua vontade! Não tenho mais forças para ir a Tu... Venha, então, Você a mim. Pois sei que sou, ainda que o padre não tenha dito, uma face da Sua própria Existência.