segunda-feira, julho 09, 2012

Livro de Jó. Minhas perguntas para o Deus da Igreja... (*ou, megalomania maior que a minha eu não admito)


Eis que agora Tu me olha do alto, com seu terror no olhar, ó Ser Eterno? Me criaste pro mundo, para sofrer, chorar, morrer enquanto fica aí, acomodado na tua confortável nuvem se distraindo com o belo e o perfeito e quando tudo sai errado se exime da culpa, ó Hipocrita?

O que te fiz? Porque me abandonaste, quem foi o demonio que tirou sua companhia que aquecia meu coração e te transportou para nuvem, te deu barba e um cajado para me punir depois da morte? Me digas: te diverte castigar os homens que erram? Te diverte lançar o diabo ao esquecimento eterno? Te diverte o choro dos teus filhos ignorantes?! A mim... Não me diverto o sofrimento dos mortais!

O que foi? Está me achando desrespeitoso? Vai me julgar, Ó Canalha? Vais julgar o filho que levou uma vida debaixo do teu sol ardido, carregando essa bendita cruz que tu me impôs, sem ajuda Tua, ó Preguiçoso? 

O Padre me contou que quando me arrependo Você me perdoa. Mas me perdoar de que? O que Te fiz? Eu por acaso levei teus pais, como tu fez comigo? Eu por acaso lhe botei numa estrada solitária, exposto a fome, a doença, ao mal, na certeza que no fim de tudo ainda virá o castigo? Eu lhe amei, lhe respeite e você ainda me pede ser um temente? O que mais deseja de mim, Ó Ganancioso!? Lhe paguei com a vida, para que Tu pudesse desfrutar a eternidade!?

O Padre me Pede para olhar pro céu, mas e minha alma corrupta, quem olha por ela? E o inverno que carrego no peito, quem aquece? Eramos uma dupla até o padre me dizer que tu estava no céu, Ó Traidor!... Na infancia lembro de Tê-lo sempre ao lado, sofrendo comigo, errando comigo, envelhencendo, adoencendo e renascendo... Sempre comigo. Por que fostes pra nuvem e por que agora me cobra do alto de Tua onipotencia!? Não és o Onipresente? Então porque não está mais comigo, porque agora só faz é me castigar e me assustar e me cobrar! Não acha que basta de cobranças? Não acha que basta de desafios? Já lhe provei minha fidelidade e mesmo assim vai continuar me provando, Ó Guloso!? 

O padre falou que o Céu é dos humildes! Como pode ser se Tu, ai de cima, é o mais Arrogante? Não foi Tu também tentado pela ganancia, ó Luxurioso?

Não temo tua foice! Não lhe devo nada. A minha conta está paga porque no fim sou eu que vou morrer, a dor quem vai sentir é Teu filho, enquanto Tu estará lavando as mãos para aplicar Teus castigos. 

Estou só e não vou mais ouvir o padre. Lhe abandono no alto de sua nuvem, mas mantenho minha alma aberta que que tu a mim retorne, se assim for de Tua vontade! Não tenho mais forças para ir a Tu... Venha, então, Você a mim. Pois sei que sou, ainda que o padre não tenha dito, uma face da Sua própria Existência.

Nenhum comentário: