segunda-feira, maio 09, 2016

A Cerca

Nós derrubamos a cerca
E invadimos o terreno baldio do tempo
Lá estava você com a foice na mão
Ceifando as flores secas que nunca brotaram
Foi pra isso que percorremos esse longo caminho?
Onde está a colina verde com rio de água limpa que tanto sonhamos?
Até o brilho do sol queima nossa pele
Exatamente como fez com as pétalas das rosas

Nós derrubamos a cerca
E encontramos as ilusões que outro dia juramos ser verdade
Invadimos o terreno das flores que nunca murcham
O ar aqui cheira a plástico e nada parece real.
Foi pra isso que andamos tanto?
Caminhamos nos círculos infinitos de nossos próprios sonhos
Para chegar num paraíso de brinquedo?

Nós derrubamos a cerca
E não importa quão quente seja o dia
Seguiremos nesse grande deserto
Regando a areia até que dela brote as rosas de verdade
Vamos empilhar as pedras até que se tornem colinas
Não há porque ter medo.
A foice já nos cortou.
A cerca já não existe mais
Nós já fugimos do tempo
Não há porque ter pressa.
Estamos, enfim, livres.

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