sábado, abril 23, 2005

FOLHETIM

Não preciso de você agora,
Mas acontece que naquele minuto sem hora,
Em que você me ligou,
O filme da vida rodou
Na cinemateca do meu passado não revelado.

Nessa reprise o mocinho não busca mais uma velha parceira
Que lhe pari-ou-parta um filho numa bebedeira,
E lhe diga depois que tudo que disse antes
Foram verdades erradas, sub influciadas,
Por um montão de besteiras.

Não me importa mais esse roteiro escrito ao acaso,
Onde não existe final feliz,
A não ser os gritos, os tapas e os filhos,
Que, por sorte, ecoam agora,
Como se fossem clichês premeditados
Entrelaçando a trama de uma falsa estória,
Escrita num romance folhetinesco,
Incendiado por um amor farsesco,
Que se desgasta em meia hora.

Um comentário:

nocturnidade disse...

muito bonito este teu poema Cláudio,
gosto do seguimento...
do princípio-meio-(sem) fim.