terça-feira, janeiro 24, 2006

Infeliz

Ainda que fossem tristes as coisas por mim faladas,
Ainda que sejam mal ditas essas palavras sinceras,
Vale dizer-te o que penso e,
Ainda que eu não pense tais coisas,
Haverá de acreditar em mim:

Haverá de acreditar na beleza que descrevi e que você não viu...
Haverá de se ressentir da tristeza que tu versejas sem ter lido...
Haverá ainda de lembrar da alegria, outrora esnobada,
Que você viu passar ao seu lado enquanto chorava
Lamentando por algo não visto... porém desejado.

Assim é o ser infeliz.
Que chora sem lágrimas,
Que esperneia sem raiva,
Que odeia sem ódio...
Aquele que, sem ter porque morrer,
Se mata em vida pra fugir da vida que não conheceu...

...E ainda que esteja morto, triste... infeliz,
Haverá de lembrar das minhas palavras
E haverá, certamente, de negá-las...

Ainda que seja tarde.

2 comentários:

...em versos disse...

Cláudio,
As palavras tão significativas para uns e desprezadas por outros, que se negam a ver um por do sol...
Imaginando aqui o não ouvir, nunca.
Silêncio nos ouvidos...egoísmo de quem é só, mesmo não sabendo disso.
Viajei meu amigo...mas senti teu poema.
beijos poéticos
*Pupila

Anônimo disse...

sempre profundo, não tem como ler e não sentir...