quarta-feira, setembro 01, 2004

SUBDIVIDE-SE

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Um átimo
Subdividi o estático
Formando assim
O Tempo.

I
Curvilíneo oxidante
Que oxida a matéria
Revertendo-a em seu primeiro elemento:
O Átomo.

II
Isola o tempo num instante,
Corta-lhe os milésimos,
Supri-lhe os centésimo,
Ignora-lhe os segundos
E terás sua parte indivisível,
Aquela que movimenta o átomo
E quando repetida se faz mãe do infinito.
Onde tudo vive e há, mas nada acontece.
O barulhento silêncio, onde
Só se escuta a primeira nota de um grito.
O intervalo suspensivo d’uma válvula mitral,
Interrompendo um susto
De um desconhecido abismo escondido
Na curva retilínea de uma esquina temporal:
O Átimo.
III
Força motriz do vento,
Que em forma de tempo
Faz a erosão do átomo.
Átomo versus Átimo.
IV
Do atrito se fazem as faíscas
Que liberam a essência da existência.
Luminosas labaredas
Fragmentos retorcidos aprisionados
Pelo muro dos instantes consecutivos.
É nesse cárcere onde se desenvolve a vida:
Vivenciada no vácuo do interior de um grande átomo
Re-subdividido pela sucessiva agressão constante
De indivisíveis
Átimos.
IV-V-VI-III-II-I-II-III--III-II-I-II-III-IV-V-VI

2 comentários:

Anônimo disse...

fantástico o teu poema. gosto da tua complexidade a escrever.


fernando

www.espacoazul.blogspot.com

blueiela disse...

Olá Cláudio!

Aproveitei para fazer o que mais gosto de fazer conhecer novos escritores e por isso aqui estou visitando o teu blogg.
Estou agradávelmente surpreendida com a qualidade dos teus poemas,gosto da forma crua com que lidas com as palavras é muito cativante.
Parabéns pelos teus poemas.



um abraço
Blueiela