domingo, novembro 14, 2004

MELANCOLIA

Hoje não tenho tanto pra falar e
Nem as palavras fúteis que me sobresaem sob as unhas
Descrevrem o homem escondido na alcunha
- Ah, essa irônica rima no fim do meu nome –
Que um dia escolheram pra mim.

Hoje que não estou, como nunca estive,
Rodeado de gente e ninguém me ouve,
Posso dizer que sou louco
por achar que a vida, mesmo me dando tanto,
Acabou por me dar pouco.

Mas calo esse reflexo lamentativo,
E só o confesso neste verso convulsivo
Por saber que o grito não será ouvido.

Enxugo-me os olhos,
E levanto sem ter onde ir...
Meu trabalho é aqui, só,
Pensando. Parado.
.
.
Mas o fim dos meus versos se perderam em mim,
Num textinho que foi deletado
Que me falava tanto, mas o destino o fez perdido
E é assim que me sinto.
Por isso grito...
Para ouvidos vazios, mas
Grito! Grito!!! Grito!!!!!!!!!!!!!

Sem ser mais que uma exclamação...
Cujo eco só reverbera em mim
E me faz gritar mais
No silêncio ensurdecedor de mim mesmo
Por meus olhos serem apenas janelas
Com vista pra esse eco assustador da minha própria existencia
Refletida no vazio do texto pobre,
Da exclamação simbólica guardada em mim
E que não quer sair mais... é assim que sou:
A prisão de mim mesmo.
Um ouvido direito cuja companhia é o esquerdo.
Sozinhos nos seus próprios pensamentos
Indignados por ouvir meus lamentos
Mediocres nos meus versejos
E amedrontados pelo que digo e não vejo.
É isso o que sou, agora.

4 comentários:

mariza lourenço disse...

passei pra deixar um beijo...
e admiração por esse belíssimo poema. cortante.
beijo
mariza

mariza lourenço disse...

passei pra deixar um beijo...
e admiração por esse belíssimo poema. cortante.
beijo
mariza

Anônimo disse...

Cláudio,
Esta tua Melancolia em versos, só fez crescer a admiração por ti e por teus trabalhos, que julgo ser de muita competência e autenticidade. Estou sentindo muito teus poemas...imagens, melodias e versos...
Saudade de ti no Fórum! Mesmo que te ausentes virei aqui.
beijos
Pupila

Anônimo disse...

bonito e profundo, ao mesmo tempo que melancólico, e me faz tentar imaginar o que se passa por aí... força sempre, somos infinitamente mais capazes de realizar, mudar e mover o que está a nossa volta (para melhor) do que imaginamos. bjs sua comadre