terça-feira, novembro 02, 2004

SOBRE NADA


O que é o nada
Senão um espaço em branco?..
Se bem que,
Poderia ser o nada uma tela preta?..

O nada é ambos!
Contanto que separados,
Vistos em tempos alternados,
Sendo assim:
O nada um todo branco
Ou um nada todo preto.
Cada um que escolha um
E que enxergue do seu jeito.

Mas, na ânsia pra se ver o Nada,
O leigo mistura o preto com o branco
E num golpe ótico, do nada,
Acaba por só perceber o Todo
Que são os nadas sobrepostos,
Interagindo como forças opostas
Onde a busca é a absorção do Todo
Revertido à seu Nada original.

Da fusão bicromática
Surge a possibilidade de formas não estáticas
Com regras não claras
Sempre deformadas pelo movimento constante
Das duas energias conflitantes:
o In e o Yang, como descreveu um chinês;
Cuja representação mais simplista
É o tabuleiro do xadrez.

Daí, então, que tudo veio do nada
E por isso que os Nadas estão em tudo.
Em cada um, em cada forma existe um pouco de nada,
A força que move a vida é a mesma que desestabiliza o nada:
Seja o nada escuro que sofreu um golpe de luz,
Seja um nada claro que se enganou com um jogo de sombras.
...
..
.
Nós?
Nada, é claro.

3 comentários:

mariza lourenço disse...

elogiei no fórum, repito aqui o elogio: bravíssimo.
acho que não comento mais nada lá (no fórum, claro)... rs...
boa madrugada, poeta.
(ah, sim, vou linkar o registro em meu proseando)
beijo.
mariza

nobody disse...

Fabuloso!

luadepedra disse...

Olá Claudio,

Escrevi algumas palavrinhas a este poema no Fórum da Língua Portuguesa, porque o título chamou a minha tenção.

O nada é o que é...e você descreveu-o com intensidade crescente.
O nada é branco e preto.
É tudo e nada.
O positivo e negativo.
O tabuleiro de xadrês...(adorei)
Corte e continuidade.

Enfim...nada é tudo e nada.
Depende dos olhos de quem vê...ou não.

Eu adorei o seu poema.

1 Bj*
Luísa