quinta-feira, janeiro 27, 2005

METÁSTASE


A meta dissemina-se pela reta e,
Tão forte quanto o leite que sai da teta ou
A força da certeza que se prolifera nas veias,
Arrasta-lhe no sangue as células podres,
Fadadas ao esquecimento,
Filhas do antigo lamento que, agora,
Te farão descer por terra.

Arracou-lhe a raiz cravada na pele, mas,
Eis que,
A porra dela ainda anda na relva e
Contra esta sarna é nossa guerra.
Mesmo que não vencida,
Haveremos de cuspir-lhe na derrota,
E xingar-lhe antes da trégua:
“Sim, virá o fim,
Mas não virá pra mim.
Pois nesses versos me propago,
Me utilizo do tempo como régua
E é com esta que me salvo,
Da rebéldica má formação das células...”

Assim matamo-as, e, aos poucos,
Nos fazemos metástase.


* em homenagem a memória de Maurício Cunha.

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