sábado, março 12, 2005

FERVURA


Mesmo me queimando nas tuas borbulhas,
Continuo a beber cada gota dessa água fervente,
Fervida no fogo alto, alimentado por tua amargura,
Que, embora não tenha matado, me deixou bastante doente.

Dessa boca que beijei outrora, carrego apenas bolhas ardentes
Que só fizeram foi massacrar minha língua.
Que hoje já nem mais grita e nem xinga
Só lambe os restos daquele amor decadente.

Mas se o ardor da queimadura ainda massacra,
Por outro lado já me adaptei a fervura,
E, não sabendo a cura, convivo com essa ressaca.

Digo até que esse passado meu deu bom presente,
Pois agora, lambendo um'outra língua recente,
Vejo que tua tortura só deixou minha boca mais quente.

2 comentários:

Anônimo disse...

Essa fervura em teus versos, trazem reflexões sobre aquilo que pode ter tido um efeito negativo agora... transcendeu para aprendizagem e fortalecimento...
Excelente poema....o último verso fenomenal!
beijos poéticos
Maísa *Pupila

Anônimo disse...

depois de algum tempo volto e não tem como não gostar da forma como você escreve, o leitor sente o que você sente ... meio louco ..
- Veri