sábado, agosto 13, 2005

SE PUDER...

Puxa-me dos dedos algo que eu tenha a dizer,
Reflita-me nos olhos a imagem perdida
No intervalo da piscada
Onde olhava-me no espelho
Dessa alma imaginaria
Incomodada com o peso
De um corpo limitado.

Controla-me os movimentos e sentidos
E deixa que os sentimentos
Sejam apenas fluidos
E não escaras doloras
Perfurando minha carne.

Mantenha-me o pescoço erguido
Quando minhas verdades se afogarem em mentiras
E na hora de assinar minha penitência,
Não peço que trate minha alma com clemência,
Mas sim que me perdoe o corpo
Me mantendo o brio nos olhos,
Pois sabes na tua sabedoria divina,
Que é difícil ser humano,
Manter-se humano, morrer humano,
Sem cair no engano de ter sido torpe.

Testa-me o espirito em matéria,
Também quero eu saber o quanto ele se sublima
Diante das imposições da carne...
E se eu viver,
Um dia, ainda em vida,
Deixa-me compreender o significado dessa sensação ambigua
De ser alma sublime e ao mesmo tempo, nesse meio tempo,
Ter fim.

2 comentários:

Anônimo disse...

Belo blog, poeta. Um poema quase prece, intenso, contundente. É a minha primeira vez aqui, mas voltarei várias vezes.

Saudações do Cárcere

Anônimo disse...

excelente, última frase, sensacional. bjs